M O D E L O
Atividade de Resgate do
filme Xingu
Professora Karyne Ap. M.
Rodrigues – Geografia – 2018.
Aluno: __________________________________nº ____
Turma: ________ Data: __/__
O filme “Xingú”, dirigido por Cao Hamburger, tem
como objetivo demonstrar o processo de criação do Parque Nacional do Xingú,
dando ênfase na história dos irmãos Villas-Boas e no processo de aproximação
aos índios, além dos entraves políticos e sociais do mesmo.
Durante o Estado
Novo, Getúlio Vargas visando propiciar a integração nacional, deu início a
chamada Marcha para Oeste. De acordo com o filme, tal Marcha tinha como
objetivo penetrar o Brasil central, até então desconhecido, com a finalidade de
abrir campos de pousos, fazer reconhecimento do ambiente e tomar posse da
região. De acordo com a autora Vânia Moreira, “a Marcha para Oeste pode ser
definida como uma política de colonização do meio-oeste, então considerado um
dos ‘vazios demográficos’ do território nacional.”[1] Ainda segundo a autora,
os objetivos da Marcha para Oeste eram claros:
combater a formação de
latifúndios nas fronteiras agrícolas, ampliar e integração física e econômica
da nação e transformar as condições de vida e de trabalho da população pobre do
campo, tornando-os pequenos produtores e proprietários rurais com capacidade de
consumo de bens industriais.[2]
Durante a Marcha,
os seus integrantes, vulgos “peões”, encontraram várias tribos indígenas no
território que, para o governo, deveria estar desocupado. Podemos perceber no
filme, como essa relação entre os indígenas e os peões, a princípio, foi
conflituosa. Para os índios, os brancos eram invasores de seus territórios,
enquanto para os brancos, os índios eram selvagens. Com o tempo, foi ocorrendo
a aproximação entre ambos os grupos, muito devido aos irmãos Villas-Boas. O
contato inicial com as tribos, na maioria das vezes era feita via entrega de
presentes, miçangas e utensílios, onde os integrantes da expedição demonstravam
suas boas intenções na aproximação aos indígenas. Algumas tribos tinham maior
abertura para o contato, visto que muitas já haviam sido contactadas
anteriormente, enquanto outras tinham maior dificuldade nesse processo de
início de relação. Essas últimas, vistas como tribos hostis e violentas, em sua
maioria já haviam tido contatos ruins com os brancos no passado. Garfield Seth
nos diz que, no caso dos Xavantes, eles “tinham dolorosas recordações da
dominação branca.”[3] O contato com os Xavantes foi o mais complicado, dependendo
da ajuda de outras tribos indígenas para ser efetivado, e com saldo de uma
equipe do SPI morta.
O Estado Novo via no
indígena a gênese do brasileiro e da nação. Nesse período há a exaltação dos
índios, colocados em pedestais pelo regime. Havia todo um discurso de
nacionalização dos índios[4], de proteção aos indígenas por meio de tutela do
Estado, de modo a organizá-los e civilizá-los. Souza Lima nos diz que
Pela Lei nº 5484/1928,
primeira a regular a situação jurídica dos nativos sob o regime republicano, a
tutela seria do Estado nacional brasileiro sobre os povos indígenas [...]
(grifos no original)[5]
Os índios, além disso tudo, eram vistos como
protetores das fronteiras, demarcadores do território nacional. Havia toda uma
propaganda por parte do DIP, demonstrando o caráter nacional do indígena e
valorizando-o como ser integrante da nação. Garfield Seth nos diz que
Um cinegrafista do DIP
acompanhou Vargas [em sua visita a aldeia dos índios Karajá], filmando imagens
que o regime autoritário nacionalista procurou tornar relíquias: índios
vigorosos, emblemáticos da força inata dos nativos brasileiros; o
“tradicionalismo” das comunidades indígenas; a camaradagem entre índios e
brancos; a bonomia do presidente, epítome do homem cordial brasileiro; o longo
braço do Estado estendendo-se ao sertão para dar lhe assistência.[6]
Vários fatores fizeram com que os indígenas
entrassem em cena na política nacional: o esforço do Estado Novo para
consolidação do poder e redefinição do território nacional, as preocupações das
elites quando as origens da nação, além da composição social da época[7],
fazendo com que o Estado Novo buscasse nos índios a identidade e a essência
nacional.
Um ponto importante no filme, é a demonstração das diferentes tribos
indígenas, com costumes, culturas, crenças e valores distintos. Os irmãos
Villas-Boas lutavam pela preservação dos mesmos. Porém, era tendência do
Estado, tanto que os propagandistas do Estado Novo não faziam distinções entre
as diversas tribos, e, até hoje, há a generalização de todas essas tribos
quanto uma única classe de índios. Gersem Baniwa, diz que a diversidade é
tamanha que há diferença até entre tribos do mesmo gênero, por exemplo, a
Guarani, que existe em três países diferentes.[8]
O SPI foi criado com a função de proteger os
indígenas e propiciar o contato e a civilização dos mesmos, transformando-os em
trabalhadores nacionais[9], tanto que seu nome original era Serviço de Proteção
aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais.[10] Souza Lima critica o
seu modo operandi dizendo que o SPI ao invés de proteger, explorou os
indígenas, e foi alvo de bastante corrupção, tendo que ter suas atividades
encerradas em 1967, sendo substituído pela FUNAI.
O território indígena sempre foi alvo de cobiça. Com
a Marcha para o Oeste, boa parte dos ruralistas tentavam tomar as terras dos
índios para transformá-las em latifúndio. Há uma passagem no filme em que uma
tribo é massacrada com esse intuito. O filme demonstra bem o problema político gerado
ao não considerar os índios como cidadãos, pois governadores davam a concessão
de terras indígenas para proprietários rurais e latifundiários como se as
mesmas não fossem ocupadas. José de Souza Martins nos diz que Vargas não quis
ou não pode enfrentar os grandes proprietários de terras, criando em seu
governo a política de não-contrariamento aos proprietários rurais[11], política
essa que vigora até hoje em dia nos governos federais.
Nesse contexto surge a luta pela criação de um
território onde os indígenas pudessem viver em paz, sem sofrer ameaças por
parte dos homens brancos. Outro fator que fez emergir essa necessidade foi a
criação de Brasília por Juscelino, e seu plano de Metas no qual pretendia
cortar o país com estradas.[12] Depois de muita luta por parte dos irmãos
Villas-Boas, foi criado o Parque Nacional do Xingú, local onde várias tribos
indígenas poderiam conviver sem se preocupar.
O
parque sofreu resistência, de acordo com o filme, de ruralistas, políticos, e
de alguns índios, que não queriam sair de seus territórios, onde seus
ancestrais viveram, e ir para o Xingú. Há um momento crítico no filme, quando
da criação da Transamazônica, estrada que passaria dentro de uma tribo indígena
não-contactada, o que fez com que vários embates políticos fossem travados
sobre a questão.
O Parque do Xingú sofre hoje em dia com a pressão da
bancada ruralista e dos latifundiários que desejam a abertura de suas terras
para o plantio e o sufocam invadindo suas fronteiras.
ESTE TEXTO FOI RETIRADO E MODIFICADO DO SITE CRITICAS DE FILMES. APENAS UTILIZAR COMO EXEMPLO QUANDO PRODUZIR O SEU PRÓPRIO RELATÓRIO.
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